Do propagandeado Consulado Virtual
O Consulado Virtual, que António Braga tinha anunciado para fins de Outubro último, entrou finalmente em funcionamento.
No entanto, ao contrário do que afirma a propaganda, através dos consulados virtuais, dispensando presença física, a menos que haja alterações legislativas significativas, é impossível registar um nascimento ou apresentar um pedido de aquisição de nacionalidade.
Como pode verificar-se aqui e aqui estes serviços exigem a presença física dos interessados. Assim acontece com a esmagadora maioria dos serviços prestados pelos Consulados, nomeadamente, os serviços de Emissão de Documentos (passaportes e outros documentos de viagem, bilhetes de identidade, certificados) ou de Registo Civil e Notariado (registo de nascimento atributivo da nacionalidade portuguesa, registo de casamento, registo de óbito e de declaração de maternidade ou de perfilhação, procurações, testamentos, reconhecimentos de assinatura).
A possibilidade de marcação on-line para atendimento presencial nos Consulados poderia constituir uma boa notícia. Se os Consulados estivessem apetrechados com o pessoal suficiente e com a formação adequada. Toda a gente sabe que não é o caso. Veja aqui ou aqui. Assim, deixaremos de ter filas imensas à porta dos Consulados. Teremos apenas filas virtuais. Muito mais moderno.
Como grande vantagem deste ‘revolucionário’ consulado virtual, verdadeiramente, resta a possibilidade de requer on-line certidões. Acerca deste aspecto, a propaganda esconde que esta possibilidade está há muito disponível neste excelente portal. Trata-se, pois, apenas, de consumo de recursos públicos na duplicação de disponibilização de serviços.
Por estas razões, ao contrário do sugerido pela propaganda, o Consulado Virtual não vai melhorar o acesso dos emigrantes aos serviços consulares.
Como diz Ana Gomes, “Pacovices gratuitas custam a tolerar. Pacovices dispendiosas são intoleráveis.”
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