sexta-feira, junho 08, 2007

Processo em processamento


Como ficaram os processos? Interroga-se Carlos Albino referindo, entre outros, o Processo de Londres.

Em duas ocasiões distintas, no Consulado Geral de Portugal em Londres, em sequência do despudorado e continuado desrespeito por leis básicas da República e pelos direitos elementares de quem trabalha, a grande maioria dos trabalhadores contratados (que constituíam cerca de dois terços do total) apresentou-se ao serviço vestindo t-shirts de protesto. O empregador Estado furtava-se (e continua a furtar-se) a assumir as suas responsabilidades com o pagamento da Segurança Social e as t-shirts que então se vestiram denunciavam-no: “Segurança Social – A minha não pagam”. Da segunda vez que este episódio ocorreu, as referidas camisolas exibiam também a fotografia impressa de uma referência concordante com a qual António Braga (sim, este mesmo) despachara um “memorandum” dos seus serviços garantindo a não existência de problema algum. “Tudinho legal!”

Patético, não é? - O responsável político pelos serviços externos do Ministério dos Negócios Estrangeiros não se indigna com facto da Secretaria de Estado que tutela se furtar ao pagamento das contribuições sociais de 19 trabalhadores: indigna-se com a indignação destes e, pela necessária pena do senhor ministro, ordena um inquérito. - É de homem valente e democrático. Um verdadeiro socialartista.

Hoje, quase um ano depois, os trabalhadores anseiam pelas conclusões do tal Processo. Se a qualidade da prosa não fosse expectavelmente má, poderíamos pensar em acrescentar um capítulo à conhecida obra de K.. De qualquer modo, a produzir resultados, o Processo poderá revelar-se de alguma utilidade: talvez o Ministério Público aprecie.

Não temos, no entanto, muitas esperanças. Estamos em crer que António Braga concentrará a sua energia numa resposta convincente a Ana Gomes. Mas isto, somos nós, cândidos, a julgar que a honra está acima da carreira.