quinta-feira, novembro 02, 2006

Londres: Trabalhadores contratados suspendem greve iniciada 6ª/feira

Lisboa, 31 Out (Lusa) - A Comissão Ad-Hoc dos Trabalhadores Contratados do Consulado de Portugal em Londres suspendeu a greve iniciada sexta-feira contra a diminuição dos salários para os descontos para a Segurança Social britânica, disse hoje à agência Lusa um daqueles elementos.

"Esta greve tinha dois objectivos: fazer o Governo voltar atrás na decisão de diminuir o nosso ordenado em 140 euros" para os descontos para a Segurança Social e "criar o máximo disfuncionamento nos serviços", afirmou Paulo Coimbra.

Sem avançar explicações para a suspensão da greve, o responsável disse contudo que o segundo objectivo foi cumprido, enquanto o primeiro não.

"Este secretário de Estado das Comunidades tem uma incapacidade total de ouvir, associada a uma capacidade técnica muito baixa. Tem de se [lhe] explicar que trabalho igual tem de ser igualmente remunerado", disse Paulo Coimbra numa alusão aos trabalhadores dos quadros.

Para o responsável, "se o Governo paga a Segurança Social dos outros trabalhadores, também tem de pagar a parte dos contratados".

Quanto ao normal funcionamento do serviço no Consulado de Londres durante o único dia de greve (na passada sexta-feira), o responsável afirmou que "a produção baixou cerca de 50 por cento".

"Por mais que o Governo diga que não, até ao segundo trimestre de 2006 fizemos uma média de 222 actos por dia. No dia de greve fizemos 122, porque colegas trabalharam deliberadamente mais horas, eontem (segunda-feira) a produção baixou para 112, apesar de já estarmos a trabalhar", indicou.

Paulo Coimbra disse ainda que dois trabalhadores contratados saíram, entretanto, do consulado e um terceiro sairá em breve.

"Alguns de nós vão sacrificar-se e ficar até Dezembro (altura em que terminam os contratos). Nessa altura, vamos ver se o secretário de Estado vai ter de pagar a factura pública e política de nos pôr na rua ou se tem coragem de nos manter, sabendo que vai contar com uma oposição sistemática", acrescentou.

No único dia de greve, paralisaram 13 dos 17 trabalhadores contratados do Consulado de Londres.

Os trabalhadores exigem que o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) português "cumpra a lei" e os consulte quanto ao regime de Segurança Social em que preferem ser inscritos.

Depois de os trabalhadores terem contestado a falta de descontos para a Segurança Social com uma greve (em Agosto) e uma queixa-crime (em Setembro) contra o MNE português, a entidade empregadora anunciou que aqueles funcionários iam ser "inscritos compulsivamente na Segurança Social britânica".

Dados da Comissão Ad-Hoc indicam que trabalham no Consulado de Portugal em Londres 28 pessoas, das quais 17 têm contratos a termo certo, alguns desde 1999.

MCL. Lusa/Fim, Sublinhados da Comissão Ad hoc